segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Já está na hora de nos transformarmos em Beija-Flores

Segundo o Banco Mundial, o nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos. De acordo com esse levantamento, o índice é o pior desde que o BIRD começou a fazer esse estudo.
Alarmantes dados? Claro! Não queremos um país com essa cara. Também nem precisamos de tais números para constatar que, no Brasil, a corrupção incomoda a todos. Ela está presente em inúmeras denúncias todos os dias nos jornais. Isso quando a própria imprensa não está envolvida. Devemos mesmo combatê-la. Mas a pergunta necessária é: o que podemos fazer para melhorar a situação?
Se, por um lado, temos muitas pessoas públicas ou cidadãos comuns envolvidos em corrupção, por outro temos exemplos de honestidade, ética, grandes gestos de compromisso com o outro tanto de celebridades como de anônimos. Betinho (o irmão do Henfil) foi um belo exemplo.
Vitimado pela AIDS (era hemofílico), o sociólogo correu o Brasil com a Campanha contra a Fome e a ilustrava com uma pequena fábula em que narrava o diálogo entre um beija-flor e um leão diante de um grande incêndio numa floresta. Na história, o Beija-flor tentava com um pouco de água no bico apagar o fogo que se alastrava violentamente e o Leão lhe perguntou se acreditava que assim conseguiria apagar o imenso incêndio. E o pássaro apenas respondeu que estava fazendo a sua parte.
Volto agora à questão posta em debate. Fazemos a nossa parte quando o propósito é acabar com a corrupção? Afinal, furar filas, parar em fila dupla, dar uma “cervejinha” pro guarda não são atos ilícitos? E a cola? O que é a cola senão um pequeno furto de idéias alheias? O lugar comum – “quem não cola não sai da escola” – parece justificar essa atitude tão comum nas nossas escolas e universidades. E o trabalho que copio e colo da internet e muitas vezes nem me dou o trabalho de ler? É pegar o texto de outra pessoa e colocar meu nome. Isso também não é desonesto? Existe ética nesse tipo de atitude?
Parece-me um bom começo para pensar a questão, não? É preciso o trabalho de vários beija-flores, o Betinho estava certo. Temos de fazer nossa parte. Caso contrário, dificilmente conseguiremos combater os índices de corrupção revelados pelo Banco Mundial.


Beatriz Pacheco - Texto originalmente escrito para a revista Conhecimento Inútil - períodico experimental do 2º e 4º períodos de Comunicação UBM.

2 comentários:

Romaine Carelli disse...

Tá com poeira

Blog's Marrie disse...

E como é difícil, não é verdade?
Este comentário é meio tosco, talvez até desumano, mas acredito retratar um pouco a mentalidade torpe dos brasileiros ao fomentar (mesmo que incoscientemente a corrupção e a falta de ética). Lá vai:

Betinho fez sua parte e acabou morrendo. Descobriu tarde demais sua hemofilia. Morreu e quase nada, pra não dizer nada, mudou.
Mas eu, no fundo, ainda acredito que vale a pena fazer nossa parte, pois sofreremos menos como o prórpio Betinho certamente ao chegar numa outra vida.
Abraçossss