segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Amar é ter muitas histórias

O Conto do Amor, Contardo Calligaris, Cia das letras, é daqueles livros que você lê rapidamente. Não porque tenha uma leitura superficial, pelo contrário, porque você se agarra ao enredo.
Nunca tinha lido nenhum outro livro de Calligaris. Algumas vezes, li seus artigos na Folha de São Paulo e sempre gostei. Outro dia, fiquei muito curiosa ao vê-lo em uma entrevista com a Marília Gabriela no GNT. Ele é, antes de tudo, uma pessoa interessante e que me pareceu ter algo a dizer.
Na entrevista, confessou um certo tom autobiográfico na obra: uma maneira sua de voltar à Itália, seu país de origem.
O protagonista, Carlo Antonioni, nos leva a percorrer um pouco da Itália: Siena, Milão, Florença, Toscana,... e também a obra de Sodoma , pintor renascentista atrás da história de seu pai e um romance que ele teve em meio à 2ª Guerra Mundial.
Bem, o título não diz muito ou diz tudo, não sei. O Conto do Amor tematiza a existência do próprio amor.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Meu caminho, por Paulo Zenha


Antes do texto, pequenas e significantes observações: o texto foi escrito por um tio e amigo, Paulo Zenha. Segundo ele: "Está bem escrito, mas não é literatura." E olha que ele leu em dois dias. A editora é a LR Editora que não tem muitos títulos, mas tem “site” na Internet, onde é possível comprar o livro.
Fica aqui o questionamento: o que é, então, literatura?


O nome do livro é “Meu Caminho” e foi escrito por Adriana Bragança, contando as suas experiências. Ela tem 36 anos e, desde 2002, ficou sabendo que as dificuldades de fala que tinha percebido decorriam da doença denominada Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). É uma doença neurológica que enfraquece os músculos, causa atrofia pelo corpo e leva à morte. A mesma doença causou a morte do irmão de Adriana e de duas primas. A medicina não achou ainda a cura para essa doença nem descobriu com precisão sua causa.
Aos poucos, Adriana foi ficando com dificuldades quase intransponíveis de falar e andar. Não se abateu. Com uma grande fé decidiu buscar sua cura com orações e mudanças de expectativas e visão do mundo.
Mais que mais um livro de auto-ajuda, o livro, muito bem escrito, é uma lição de otimismo, perseverança e muita sinceridade.
Creio que é uma leitura útil e, além do mais, mostra como é possível enfrentar dificuldades e divulgar uma mensagem forte a favor do amor , da vida e da fé em Deus.
Entre os ensinamento de Adriana, está o de que deixou de dizer : “se Deus quiser”, para completar as frases que exprimem seus desejos com a expressão “com a ajuda de Deus”, pois acredita que Deus sempre quer nos ajudar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Casa da Madrinha e tantos outros – a brasileira Lygia Bojunga Nunes


A história é de um menino pobre, vendedor de rua no Rio de Janeiro, que sai pelo interior do país em busca da Casa da Madrinha. No caminho, conhece um pavão e, com ele, começam apresentações de mágicas e histórias que fazem sucesso. Também conhece Vera e, juntos, encontram a tal Casa. Este é o resumo do resumo, é claro! Pois o que o livro tem de fantástico é tudo que tematiza através de seus personagens: a necessidade do livre pensamento, a busca por uma vida melhor, a igualdade entre os sexos, o desamparo em que vive a criança brasileira e tantas outras idéias que são defendidas aqui e em outros de seus textos: O Sofá Estampado, Corda Bamba, Nós três, Os Colegas, Meu amigo Pintor, Tchau, A Bolsa Amarela, Fazendo Ana Paz, O Rio e Eu e, mais recentemente, Retratos de Carolina.
Ah! Esse como eu amei!
Isso talvez resuma tudo que senti quando me vi obrigada a fechar o livro. Carolina é fascinante. Identifica-se desde cedo com muitas mulheres curiosas, determinadas, brasileiras. Aos seis anos, revela-nos sua descoberta do corpo e da alma e divide com o pai. Aos quinze, descobre o mundo e, por ele, se apaixona, Paris, Londres. Aos vinte, a arquitetura e, ao mesmo tempo, uma possibilidade de amor que não se concretiza. Aos vinte quatro, perde o pai, mas ganha autonomia novamente para agarrar a vida. De repente, o inusitado: Lygia conversa com sua personagem, coloca-a mais perto de nós. As ações que decorrem daí em diante vão dizer para todos nós que somos, como ela, responsável por criar nossas próprias histórias.
Obrigada, Lygia, por todos os personagens que ao longo dos anos você divide conosco: Raquel, Alexandre, Vera, Angélica,... e Carolina
Ps.: Ao escrever este post, descobri mais dois livros que ainda não li: Aula de Inglês e Sapato de Salto. Enfim, mais sugestões bem quentinhas...

domingo, 5 de outubro de 2008

Machado é eterno

Eu sempre me freio um pouco para falar de Machado de Assis e não parecer que o espaço aqui é para repetir o que a escola faz e que acaba por levar o aluno a não gostar de ler.
Acredito mesmo que poucas pessoas comecem a gostar de ler por Machado e outros clássicos da literatura. Principalmente, porque as instituições de ensino fazem questão de obrigar o aluno a ler e, como um outro clássico disse: “Ai que prazer/Não cumprir um dever/Ter um livro para ler/E não o fazer! /Ler é maçada,/Estudar é nada.” (Fernando Pessoa).
Mas não resisto e informo que o SESC de Barra Mansa – do dia 03 de outubro a 08 de novembro – estará com uma exposição em homenagem ao Bruxo do Cosme Velho. De terça a sexta, das 9h às 21h, e no fim de semana, de 9h às 17h30. Vamos conferir!

Jabuti – uma possível referência

Todos os anos, a imprensa divulga uma relação de ganhadores do prêmio Jabuti, mas, afinal, o que é isso?
Este prêmio foi criado em 1958 pela Câmara Brasileira do Livro a fim de prestigiar e difundir o trabalho de escritores, livreiros, gráficos, ilustradores, tradutores, enfim, todos os profissionais que trabalham para que um livro chegue em nossas mãos.
Anualmente, editoras e escritores independentes de todo o Brasil inscrevem milhares de obras na busca do reconhecimento que o prêmio lhes confere. É uma seleção séria, com um corpo de jurados especializado. Os votos são abertos e contabilizados em sessões públicas.
O primeiro vencedor deste prêmio foi Jorge Amado(1959) com o romance Gabriela, Cravo e Canela. A partir daí, escritores como Drummond, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Raduan Nassar entre tantos outros também foram contemplados com o prêmio.
Agora, em 2008, o prêmio completa 50 anos e consagrou no dia 23 de setembro último, o catarinense Cristóvão Tezza como melhor romance nacional publicado em 2007. Ivan Junqueira é o vencedor na categoria poesia. O prêmio de melhor biografia acabou como homenagem póstuma, pois o vencedor, Marco Antonio de Carvalho, morreu antes do lançamento da obra “Rubem Braga: um cigano fazendeiro do ar”.
No próximo dia 31 outubro, dêem uma olhada no site (http://www.premiojabuti.com.br), conheceremos os melhores livros de ficção e de não-ficção.
E por que estou eu aqui a falar sobre esse prêmio? Bem, é o seguinte: a história do prêmio fala sozinha. Às vezes, escolher um livro com o selo do prêmio Jabuti pode ser mais interessante do que usar como critério a lista dos mais vendidos divulgados semanalmente pela imprensa. Ser mais vendido não quer dizer ser melhor, embora também possa ser.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Saindo de 68

Erotismo e violência: ingredientes perfeitos para uma trama policial

O Luiz tem razão: vamos parar de falar em 68 e partir para outras “praias”. Hi! Hi! Hi! Afinal, um pouquinho de sacanagem não faz mal a ninguém...

Outro dia, ao assistir a um debate na TV, fiquei indignada com um articulista da Revista Veja que disse em alto e bom som que no Brasil não existia literatura policial. Peraí!!!

Foi o bastante para eu mostrar minha indignação durante aquela semana em toda sala de aula e, ao elencar nomes como Rubem Fonseca, Patrícia Melo, Luiz Alfredo Garcia-Roza e outros, muitos me olhavam assustados por não conhecê-los. Então, é melhor começar por etapas....

Primeiro: Rubem Fonseca, mestre dos mestres, com formação diversificada e complexa, publica desde 63. A maioria livros de contos, Lúcia McCartney (meu primeiro contato com sua obra), A Grande Arte (fantástico!!!), Bufo & Spallanzani (perfeito!), Agosto, O Selvagem da Ópera, Secreções, Excreções e Desatinos, Diário de um fescenino (vocês sabem o que é isso?) e outros tantos.

E o camarada ainda diz que não se faz literatura policial no Brasil? Só um idiota mesmo! Qualquer um que passear um pouco no google encontra diversos prêmios que esse renomado escritor já recebeu no Brasil e no exterior por sua obra. Mas.... já dizia Nelson Rodrigues “Não sabemos valorizar o que temos”.

Por outro lado, ainda que eu o “carimbe” de escritor policial para responder ao tal jornalista, não posso deixar de registrar em tudo que já li dele um estilo que foge ao padrão/modelo e, por isso mesmo, é bem mais interessante, mais “pensante” vamos dizer assim. Nesse mundo, em que a ética e a moral andam desaparecidas, os crimes são só banalidades e servem ao escritor apenas como pretexto para revelar suas críticas à sociedade. Seus investigadores não são Sherlock Holmes, são homens comuns, cheios de defeitos e complexidades.

Em Secreções, Excreções e Desatinos (prêmio Camões 2003), sexo, violência e exclusão social continuam abordados. No entanto, o que vai marcar essa obra são os diferentes protagonistas sempre envoltos com gostos estranhos, asquerosos mesmo, mas que tematizam a busca do indivíduo em conhecer o próprio corpo.

Chamou-me especial atenção o conto “Copromancia” que ironiza essa busca incessante do homem pelo autoconhecimento e que o faz acreditar em quiromantes, cartomantes e outros ‘mantes’ mais. E agora mais ainda, pois em Jonas, O Copromanta, a escritora Patrícia Melo cria o Rubem Fonseca personagem, acusado de plagiar o trabalho/estudo de Jonas (personagem principal). É esse o livro que leio no momento. E está ótimo!

Já está na hora de nos transformarmos em Beija-Flores

Segundo o Banco Mundial, o nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos. De acordo com esse levantamento, o índice é o pior desde que o BIRD começou a fazer esse estudo.
Alarmantes dados? Claro! Não queremos um país com essa cara. Também nem precisamos de tais números para constatar que, no Brasil, a corrupção incomoda a todos. Ela está presente em inúmeras denúncias todos os dias nos jornais. Isso quando a própria imprensa não está envolvida. Devemos mesmo combatê-la. Mas a pergunta necessária é: o que podemos fazer para melhorar a situação?
Se, por um lado, temos muitas pessoas públicas ou cidadãos comuns envolvidos em corrupção, por outro temos exemplos de honestidade, ética, grandes gestos de compromisso com o outro tanto de celebridades como de anônimos. Betinho (o irmão do Henfil) foi um belo exemplo.
Vitimado pela AIDS (era hemofílico), o sociólogo correu o Brasil com a Campanha contra a Fome e a ilustrava com uma pequena fábula em que narrava o diálogo entre um beija-flor e um leão diante de um grande incêndio numa floresta. Na história, o Beija-flor tentava com um pouco de água no bico apagar o fogo que se alastrava violentamente e o Leão lhe perguntou se acreditava que assim conseguiria apagar o imenso incêndio. E o pássaro apenas respondeu que estava fazendo a sua parte.
Volto agora à questão posta em debate. Fazemos a nossa parte quando o propósito é acabar com a corrupção? Afinal, furar filas, parar em fila dupla, dar uma “cervejinha” pro guarda não são atos ilícitos? E a cola? O que é a cola senão um pequeno furto de idéias alheias? O lugar comum – “quem não cola não sai da escola” – parece justificar essa atitude tão comum nas nossas escolas e universidades. E o trabalho que copio e colo da internet e muitas vezes nem me dou o trabalho de ler? É pegar o texto de outra pessoa e colocar meu nome. Isso também não é desonesto? Existe ética nesse tipo de atitude?
Parece-me um bom começo para pensar a questão, não? É preciso o trabalho de vários beija-flores, o Betinho estava certo. Temos de fazer nossa parte. Caso contrário, dificilmente conseguiremos combater os índices de corrupção revelados pelo Banco Mundial.


Beatriz Pacheco - Texto originalmente escrito para a revista Conhecimento Inútil - períodico experimental do 2º e 4º períodos de Comunicação UBM.

domingo, 31 de agosto de 2008

Sou 68 e é proibido proibir!

Fui contestador na França, fui revolucionário em Praga, fui pacifista nos EUA, fui agitador no Brasil, mas fui, antes de tudo, um sonhador. Sonhei um mundo de paz e amor ao som dos Beatles e dos Rolling Stones. Sonhei com a possibilidade de uma sociedade mais igualitária para todos nós com o busto do Che Guevara em sua praça. Se não realizei todos os sonhos, foi porque sonhar muito é assim: não dá tempo para pôr tudo em prática.
Enfim, sei que influenciei as gerações que me seguiram e ainda lutamos juntos pela liberação feminina, pela afirmação do negro, pela liberdade de opção sexual, pela preservação do meio ambiente.
E se digo ainda é porque tenho 40 anos hoje. Sou, então, um jovem senhor cheio de vida e, graças a mim, já podemos confiar nas pessoas com mais de 30 anos. Afinal, muitas deram à vida por suas causas, sofreram torturas monstruosas e não se arrependeram. Estão por aí tentando fazer um pouquinho aqui, um pouquinho ali. Ah! Já sei! Vocês também podem dizer que muitos se renderam e, em vez de propor mudanças, mudaram. É verdade, mas deixemos esses de lado! Não merecem aqui muita atenção.
Como é bom poder assistir uma mulher atuar na política, na indústria, no mercado financeiro e em tantos outros espaços tão masculinos, tão... Como é bom saber que garantimos uma delegacia para mulheres! Proteção importante num país de desigualdades econômicas e tão machista conseqüentemente.
Como é fascinante discutir a política de cotas para negros nas universidades tão abertamente! Somos uma nação predominantemente negra e ainda tão ideologicamente branca, mas conquistamos o direito de discutir amplamente a questão.
Como é instigante constatar que, na última parada gay em São Paulo, estiveram presentes 3,5 milhões de participantes! Aceitar as diferenças, entender as diversidades, compreender que o outro é, sim, outro e não nós mesmos.
E como é irresistível não se emocionar com a adolescente que economiza água, porque aprendeu que é necessário poupar a natureza! Ela já sabe que preservar o planeta é também uma questão de atitude individual e depende de nós e de nossos hábitos.
Era proibido proibir, já dizia Caetano Veloso, e continua sendo. Isso é uma vitória! Se o busto do Che Guevara não foi erguido na praça e se sua imagem virou produto e foi consumido ainda no século XX, não tenho culpa. Eu tentei, sonhei que podia ser diferente. Tenho certeza que fiz mais do que muitos anos que já se passaram.

Esse texto foi publicado numa revista(junho de 2008) que alguns alunos da Comunicação(3º período) fizeram como trabalho experimental e, a pedido deles, escrevi sobre o assunto. Queriam uma crônica e, como já estava na mídia a discussão sobre 68, resolvi escrever sobre o assunto.

1968 - O ano que não terminou, por Harlen da Cunha LIma

Bom,
Quando falei do novo, citei o "velho". E aí tive a idéia de pedir ao Harlen para adequar a resenha que ele havia feito no semestre passado no momento em que pedi que lessem o livro pra gente publicar aqui. Aí vai:

"Eu tenho que confessar, nunca fui fã de livros. Li poucos por obrigação e me vi mais uma vez diante desta obrigação, quando a Bia propôs um trabalho com base no livro de Zuenir Ventura, 1968: O ano que não terminou. Minha reação? Que saco! Ainda passa um livro que fala de história.
Comecei a ler e, quando me vi, não conseguia mais parar, já estava envolvido pela história e queria saber o seu desfecho, assim como uma novela. Zuenir nos coloca dentro do enredo, conseguimos sentir e visualizar tudo que se passa.
O livro fala de um ano conturbado mundialmente, tomados por idéias revolucionárias, jovens estudantes, intelectuais, artistas promoveram uma luta antiautoritária através de revoltas e manifestações pelas ruas de seus países. Com base na sua vivência dos fatos, em jornais e revistas da época e depoimentos de participantes, Zuenir relata diversos acontecimentos e nos mostra um pouco da inquietude da época em meio a debates políticos, reuniões, organizações de passeatas e todo conflito e entendimento entre os jovens que se dividiam em duas frentes.
Toda essa luta política não chegou aos resultados previstos, a ditadura militar se mostrava cada vez mais rígida e os estudantes começavam a perder a sua unidade.
É uma visão do cenário político brasileiro e, mais que isso, nos revela a sociedade da época, querendo romper barreiras com suas ideologias, uma época marcada pela revolução comportamental, a liberação sexual, o conflito de idéias. Tudo isso seria um gancho para as próximas gerações, a nossa sociedade hoje é reflexo daquela geração de 68, a única coisa que perdemos daquela foi a ideologia, a luta por um ideal, isso infelizmente ficou para trás.
Como vocês podem ver, o livro me encantou, conheci um pouco da história do nosso país através de uma leitura gostosa e envolvente que o Zuenir me proporcionou. Vale a pena!"

terça-feira, 19 de agosto de 2008

1968 O que fizemos de nós - Zuenir Ventura

Hoje, vou falar desse último, que fechei ontem: 1968 O que fizemos de nós, Zuenir Ventura, editora Planeta.
O livro começa fazendo um "link" com o anterior (1968 O ano que não terminou). 40 anos depois, Mestre Zu nos ajuda a olhar para a geração atual, para as conseqüências de 68 na vida dos presos, torturados e exilados pela ditadura militar, para a geração que olhou 68 com inveja, para os freqüentadores de raves, para as novas plataformas políticas e, assim, para o mundo. O que ficou de 68, o que não existe mais e o que não existia encerram sua primeira parte.

Na segunda parte do livro, há o registro de importantes entrevistas que, junto a filmes, músicas e outros livros tecem o retrato do Brasil em 2008. Revelações importantes e relatos diferenciados mostram a complexidade desse mundo.

Há uma tendência da minha geração em olhar para os jovens e o Brasil de hoje com certo desânimo. Afinal, não protagonizamos 68, nem uma nova utopia tomou seu lugar, as invasões são bárbaras. E o que o grande jornalista Zuenir Ventura nos mostra é que ainda podemos ter esperança. Sim, não há regras, não há modelos, mas a solidariedade ainda parece suportar as agressões do mercado e sobreviver a elas.

Não deixem de ler! Amei!

Sobre leituras

Achava linda aquela enorme estante de livros na casa dos meus avós. Um dia, eu devia ter uns 8 ou 9 anos, não sei ao certo, meu pai me trouxe um presente: Flicts, do Ziraldo. Era um livro enorme, cheio de cores e contava a história exatamente de uma cor e a busca de seu lugar no mundo. A história buscava um diálogo com o leitor sobre o espaço de cada um neste mundo, ainda que isso levasse um bom tempo para ser encontrado.
É assim que eu vejo a leitura: um encontro comigo mesma. Parece egocêntrico e é mesmo!
A leitura sempre será pra mim uma tentativa de entender o mundo e comprendê-lo. Assim, posso intervir na realidade e me aproximar das pessoas. Então é paradoxal: um encontro egocêntrico e solidário.
Este blog tem a ver com tudo isso. É um espaço em que resolvi compartilhar leituras de livros, de artigos, de filmes, de tudo. Vou falar aqui do que gosto e ninguém é obrigado a concordar comigo. Basta!